O cenário profissional de hoje é significativamente diferente do que era há 10, 15 ou 20 anos atrás. Antigamente, as habilidades técnicas, ou hard skills, eram o passaporte para o sucesso na carreira e o que abria portas.
No entanto, segundo a Forbes, uma mudança profunda nas atitudes dos empregadores e nos critérios de seleção de talentos tornou as habilidades socioemocionais, ou soft skills, a nova "moeda" do ambiente de trabalho.
As soft skills são competências psicossociais, comportamentais e características pessoais que transcendem áreas específicas e são aplicáveis em qualquer contexto profissional. Elas permitem que um indivíduo não apenas seja bem-sucedido em sua carreira, mas também trabalhe de forma eficaz em equipe.
Ao contrário das hard skills, que são conhecimentos técnicos específicos e mensuráveis (como proficiência em um software ou um diploma), as soft skills são mais sutis e se referem a formas de pensar e comportamentos, como estar sempre aprendendo ou ser altamente resiliente.
De acordo com Rachel Wells, em artigo da Forbes, a crescente demanda por soft skills é impulsionada por diversas transformações no mercado. Tecnologias emergentes, como a inteligência artificial generativa, estão remodelando as exigências da força de trabalho, levando os empregadores a dar maior ênfase a essas habilidades.
Isso porque as soft skills permitem que as empresas respondam às mudanças e são resistentes à automação. Além disso, a normalização do trabalho remoto e híbrido tornou a comunicação, a colaboração e a adaptabilidade ainda mais cruciais para o sucesso das equipes e indivíduos.
A beleza das soft skills reside em sua alta transferibilidade entre setores e funções.
Diferentemente das hard skills, que podem se tornar obsoletas rapidamente, as soft skills proporcionam longevidade na carreira, pois permanecem relevantes ao longo do tempo e em diversas situações.
Segundo Rohan Rajiv, diretor de gerenciamento de produtos do Linkedin, as soft skills básicas tornaram-se ainda mais importantes devido ao aumento do trabalho remoto e autônomo, e sua relevância cresce em todos os setores, níveis e ambientes de trabalho.
Uma pesquisa recente da CashNetEUA, analisando mais de 17 milhões de anúncios de emprego, identificou as 10 softskills mais demandadas pelas empresas. Além disso, o relatório "Futureof Jobs 2023" do Fórum Econômico Mundial também destacou habilidades interpessoais que estão em alta, permitindo que aqueles que as possuem obtenham rendimentos mais elevados. Entre elas, destacam-se:
Pensamento Estratégico: No topo da lista, é a habilidade interpessoal mais procurada em empregos de alta remuneração, presente em cerca de 65% dos anúncios de vagas nessas faixas salariais. Envolve a capacidade de analisar uma situação e definir metas específicas, sendo fundamental não apenas para líderes, mas para quem almeja a liderança e profissionais de alto desempenho.
Persuasão: Uma habilidade de comunicação que, embora muitas vezes confundida com negociação, difere ao buscar o acordo da outra parte com o seu ponto de vista. Ambas as habilidades, porém, funcionam em conjunto. É útil para apresentar ideias e facilitar a comunicação com colegas, clientes e gestores.
Habilidades de Apresentação: Essenciais no ambiente de trabalho híbrido, elas exigem a capacidade de adaptar apresentações para serem envolventes e concisas, transmitindo as informações corretas de forma eficaz, seja em casa ou no escritório.
Pensamento Crítico: Componente importante da estratégia e tomada de decisão. Implica em coletar e analisar fatos para fazer julgamentos sólidos. Embora vital para líderes, é valioso para qualquer profissional que precise agir com autonomia ou em emergências, demonstrando responsabilidade e autoconsciência.
Mentoria: Embora não seja a primeira soft skill que vem à mente, é crucial para o desenvolvimento e demonstração de competências em funções de gestão e liderança. Ela também evidencia trabalho em equipe e colaboração, aprimorando paciência e comunicação ao treinar e orientar outras pessoas.
Inteligência Emocional (EQ):Definida como a capacidade de compreender e regular as próprias emoções e de se relacionar com as dos outros. Altamente desejável pelos empregadores, seus indicadores-chave incluem escuta ativa, empatia, resposta a desafios, visão sobre o fracasso e perspectiva de crescimento profissional. Daniel Goleman, considerado o pai da Inteligência Emocional, afirma que todas as habilidades comportamentais são baseadas nela, diferenciando profissionais medianos dos excepcionais.
Inovação: Refere-se a ser um pensador criativo, considerando diferentes abordagens e desafiando constantemente suposições e o status quo. Não se trata apenas de ter ideias únicas, mas de se esforçar para ver problemas sob todos os ângulos, avaliando prós e contras, e realizando exercícios de brainstorming.
Gestão Financeira: Mesmo sem trabalhar no departamento financeiro, ter um bom controle das finanças empresariais é valioso. Entender a terminologia básica e aprender com a equipe financeira ajuda a reduzir despesas desnecessárias e favorece promoções.
Resiliência: Uma característica demonstrada por quem possui altos níveis de inteligência emocional. Ser resiliente significa ver falhas e problemas sob uma nova perspectiva, realizando autorreflexão e análise crítica para tentar algo novo com as lições aprendidas, em vez de desistir ou culpar fatores externos.
A boa notícia é que as softskills não são apenas características inatas; elas podem ser aprendidas, desenvolvidas e aprimoradas ao longo da vida. O processo de aperfeiçoamento começa com o autoconhecimento, que permite identificar características, pontos fortes e fracos, e definir objetivos pessoais e profissionais. Ao compreender-se, o profissional pode focar nos aspectos que precisa melhorar.
A aprendizagem contínua é o segundo passo. Buscar feedback para identificar fraquezas e "pontos cegos" é crucial. Para melhorar o pensamento criativo ou a resolução de problemas, participar de sessões de brainstorming com colegas criativos pode ser muito eficaz. O desenvolvimento da inteligência emocional, por exemplo, pode ser ampliado pela consciência social, aprendendo a controlar os próprios sentimentos e a reagir com empatia aos demais. Daniel Goleman sugere práticas diárias de autorregulação (como meditação),gerenciamento do tempo e a adoção de uma cultura de feedback para avaliar e aprimorar as habilidades interpessoais.
Segundo o relatório The Future of Work 2021: Global Hiring Outlook, no momento da contratação, os empregadores estão cada vez mais direcionando as perguntas das entrevistas para descobrir as soft skills dos candidatos. Eles buscam exemplos de resiliência, inovação ou a visão do candidato sobre o aprendizado contínuo.
Portanto, é fundamental que os profissionais identifiquem suas principais soft skills e estejam preparados para demonstrá-las com exemplos concretos.
Em última análise, embora as habilidades técnicas e a experiência no currículo permaneçam importantes para chamar a atenção de um recrutador, as habilidades socio emocionais de fato ajudam a conseguir maior longevidade da carreira.
Ao cultivar essas 10 softskills, os profissionais estarão mais capacitados para tomar as melhores decisões para suas organizações e suas próprias carreiras, tornando-se mais requisitados e abrindo portas para melhores oportunidades de trabalho.
O domínio das soft skills é, sem dúvida, essencial para o futuro organizacional e profissional.
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